Casados há mais de 65 anos, o casal de Grão-Pará construiu uma vida marcada por fé, trabalho, superação e uma família gigantesca com filhos, netos, bisnetos e tataranetos.
Tudo começou em 1958, mais precisamente no dia 21 de setembro, com o casamento de Tarcísio da Silva e Laura Pazeto. Eles se conheceram durante uma Via Sacra na Semana Santa, em Ilha Grande, município de Grão-Pará, quando ambos tinham apenas 21 anos. Desde então, seguiram juntos em uma jornada marcada por amor, dificuldades, fé e muito trabalho.
Naquela época, a vida era extremamente difícil, com poucos recursos financeiros. Tarcísio recorria à caça nos fins de semana para garantir o alimento da semana. O casal trabalhava na agricultura, e após algum tempo, Tarcísio começou a trabalhar como “serrador” na empresa dos cunhados. Já Laura dividia o tempo entre os cuidados com a casa e a roça, onde plantava batata e aipim para alimentar porcos.
Com muito esforço e visão, Tarcísio pediu permissão aos cunhados, que tinham muitas terras na serra, para começar a adquirir gado. Quando conseguiu juntar 40 cabeças, negociou com um deles e finalmente comprou sua primeira propriedade na comunidade de Capivaras, em Grão-Pará. Um marco de conquista em meio às adversidades.
A saúde dos filhos foi uma das grandes bênçãos da vida. Em tempos em que acesso à saúde era quase inexistente, quem atendia a população era o popular “Doli”, dono de uma farmácia no Aiurê, ponto de apoio da comunidade. Muitos trajetos eram feitos a pé até que sobrasse dinheiro para comprar um cavalo.
A união entre Tarcísio e Laura gerou uma família frondosa:
Sete filhos, 23 netos, 24 bisnetos e 2 tataranetos. Um verdadeiro legado de vida e amor.
Maria Madalena da Silva Carrara, a primogênita, é mãe de Lucilene, Rosilene, Rosenilda, Marilene e Diani. Os netos incluem Marcioni, Marcilene Carrara Engels, Naise, Aline, Marcelo, Tobias, Davi, Filipe e o bisneto Kael.
Aristides da Silva, o filho mais velho, é pai de Andreza, Elizandra, Rosemar e Lucemar. Os netos são Layani, Renan, Joaquim, Eloiza, Maysa, Daniel, Ariel, Ariane e o bisneto Matteo.
Lúcia da Silva tem as filhas Luciane, Edilene e Katia. Seus netos são Luana, Letícia, Lucas, Francine, Pedro, Ana Júlia e a bisneta Elisa.
Altair da Silva, quarto filho, tem os filhos Edivaldo, Patrícia e Nathalia, e os netos Alex e Laura.
Adelaide da Silva Machado, filha mais nova entre as mulheres, é mãe de Denisia, Bruno e Jaison, e avó de Verônica, Mauro e Isabela.
Valdir da Silva tem três filhos: Maria Laura, Daniele e Rômulo.
José da Silva, o caçula, tem os filhos Caroline, Matheus e o neto Heitor. Ele ficou com a propriedade dos pais no Rio Areão, para cuidar do casal.
Além da vida no campo, Tarcísio sempre esteve envolvido com o futebol e a política local. Jogava bola nos finais de semana e chegou a ser técnico de equipes da região. Na política, conhecido como “Pirão”, participou ativamente de campanhas e foi eleito em alguns pleitos, sempre com uma postura respeitosa e comprometida com a comunidade.
A fé sempre esteve presente na trajetória da família. O casal e todos os descendentes são católicos. O amor que começou em um evento religioso permanece sustentado por orações, valores e devoção a Deus. “Começamos tudo numa Via Sacra, e seguimos com fé até hoje”, lembra dona Laura.
Mesmo sem costurar profissionalmente, Laura mantém até hoje sua máquina de costura, sempre pronta para os reparos. Ela conta que sempre gostou de costurar e que as roupas dos filhos, quando pequenos, eram feitas com sacos de algodão. Os cobertores eram recheados com penas de pato e ganso.
Político e desportista, Tarcísio se orgulha do grande número de amigos espalhados por Rio Fortuna, Grão-Pará e sua terra natal, Armazém. Ele cita com carinho nomes como Eduardo, Hélio e Nito, que marcaram sua vida. “Temos a alegria de não termos nenhum inimigo. Isso e nossos filhos, netos, bisnetos e tataranetos... é muita alegria.”
Os sobrenomes que hoje fazem parte da família mostram a força da integração brasileira: Carrara, Engels, Boger, Faveri, Back, Feldhaus, Vanderlinde, Soethe, Fabizack, Ribeiro, Külkamp, Brand, Schlickmann, Meurer, Machado, Pedro, França e Novadezeque, entre outros.
Emocionados, Laura e Tarcísio afirmam que não se arrependem de nada. Ambos estudaram apenas até a terceira série primária, mas carregam uma sabedoria de vida que impressiona. Tarcísio resume: “Ainda bem que Deus deu inteligência para nós, seres humanos”.
A vida de Laura Pazeto e Tarcísio da Silva é uma história de amor, dedicação, fé e muito trabalho. Com respeito mútuo e obediência, eles mostram que vale a pena viver — e acreditar em tudo o que se constrói com amor.