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COLUNISTAS

Bom Retiro: o hepta do alívio

02/07/2024 17h31 | Atualizada em 02/07/2024 17h42 | Por: Antônio Faust

   Oficialmente, conforme registro da Comissão Municipal de Esportes (CME) de São Ludgero, o Municipal de Futebol começou a ser disputado no ano de 1984 e a primeira equipe a levantar a taça de campeão na categoria titular foi a Associação Atlética Bom Retiro. Portanto, a competição tem uma história cinquentenária, apesar de alguns anos não ocorrer a disputa (1988, 1999 e 2020, este último em função da pandemia).


   Algumas equipes que tiveram o prazer de levantar a taça de campeão nem existem mais e nesta lista podemos citar a AA Granja Warmeling, que nas décadas de 1980/90 foi o “bicho papão”, com três títulos conquistados num recorte de quatro anos. Seguem a Incoplast (1895) e a Associação Sugaosso (2002 e 2010).   
A partir do ano de 1991, quatro equipes (comunidades) tomaram as rédeas da competição e começaram a se revezar nas conquistas de títulos. Começou com o EC Mar Grosso, campeão em 1991, e de lá para cá se tornou uma das equipes com mais troféus, 7; em 1992, a SER Taipa subiu no mais alto do pódio pela primeira vez, somando seis conquistas no total; o Ponte Baixa FC foi campeã pela primeira vez em 1997 e também soma seis títulos; e a outra equipe é AA Bom Retiro, que depois do título de 1984, voltou a ser campeã em 1989, conquistou o tri em 1996 e agora chegou a 7 troféus.


  Sobre o campeonato, vale um registro especial para o ano de 2017: a final do Municipal de Futebol de Campo de São Ludgero foi arbitrada por Bráulio da Silva Machado, hoje árbitro Fifa, ano com um campeão inédito. A Associação Encosta do Sol venceu, na decisão, a SER Taipa por 3 a 1, sendo um dos gols anotados pelo atacante Moisés, hoje brilhando no Fortaleza. O Encosta votou a ser campeão em 2018 e a Associação Serrinha ficou com o título em 2019. Estas duas equipes figuram no G6 do campeonato, que só aumentou de número neste ano, com a participação do União EC.  

Em pé: Ediba, Dionei, Humberto, Ivo, Ferrinho, Jorge, Fabinho, Marcelo Lúcio, Élio, Fernando, Calinho e Felipe. Agachados: Márcio, Junior Nandi, Enio Maluco, Zaca, Calinho Serrinha, Cleper, Rondi, Alex, Edinho e Seu Chico. 

 

   Feito um resumo da competição, tudo isso para chegarmos ao assunto principal, a conquista do Municipal de 2024 pela AA Bom Retiro. Durante este resumo dos campeões, percebe-se que o Dragão da Colina tem uma história gigante na competição, só que sua torcida vinha observando os adversários comemorarem títulos desde 2001, ano de sua última conquista, uma realidade humilhante para um time tão grande. 


   No ano do último título, a AA Bom Retiro contava no elenco com atletas, na maioria, da casa e fez a final contra a equipe da SER Taipa, quando empatou o jogo de ida da decisão por 1 a 1 e, no jogo da volta, ambos disputados no Estádio Reinaldão, venceu por 3 a 2. Calinho abriu a contagem para o Bom Retiro; Marcelinho Gesing empatou para a Taipa; Alex recolocou o Dragão da Colina em vantagem; Riva deixou tudo igual; e o gol do título foi anotado pelo Rondi.

   Depois deste título, começou o jejum. O Bom Retiro sempre presente, sempre montando bons elencos, sempre se candidatando ao título que não vinha, como por exemplo em 2015, quando chegou à decisão e foi derrotado pela Taipa. 


   Os 23 anos de espera, com altos investimentos, a esperança que não se concretizava, o grito preso na garganta, enfim, virou passado, pois o campeão voltou! E voltou com uma campanha para não deixar dúvida do merecimento. Um susto no jogo de abertura. Apesar de ter feito uma boa apresentação, o Bom Retiro foi derrotado pelo Ponte Baixa FC por 0 a 1, gol feito pelo atacante Raul. O goleiro Ricardo fala daquele momento: “Quando terminou o jogo, a primeira reação foi de que a história estaria se repetindo, mas no pós-jogo, quando recebemos muitos elogios da torcida, reconhecendo que havíamos jogado bem, fomos mudando de pensamento”, relata o goleiro Ricardo, único atleta titular natural da comunidade e destaque do time.   
   A reação começou no segundo jogo, fora de casa, contra o Encosta do Sol, vitória por 0 a 3, gols de Dito, Michel Becker e Felipe. No jogo seguinte, o adversário foi a SER Taipa, que não vivia um bom momento, e o Dragão da Colina venceu por 3 a 0, com gols de Papagaio e dois de Vini Urbano. Na quarta rodada, o Bom Retiro teve sua primeira grande prova de fogo, quando foi até a comunidade do Mar Grosso para enfrentar o Azulão, atual campeão; voltou para casa com um empate, 1 a 1, gol do Papagaio.
Esta sequência mostrou que o time estava pronto para brigar pelo título e que bastava espantar os fantasmas do passado. Após a folga na quinta rodada, o adversário foi o estreante União EC, equipe que vinha sendo o saco de pancadas, e não foi diferente. Com gols do Binho, seu primeiro na competição, Michel Becker, mais dois do Vini Urbano, do volante Renato e Papagaio, goleada por 6 a 0. No fechamento da primeira fase, uma visita até a comunidade vizinha da Serrinha para enfrentar o EC Serrinha e, com dois gols de Vini Urbano, o Bom Retiro venceu por 0 a 2, ficando com a segunda melhor campanha, atrás do Ponte Baixa FC.
Chegou-se então à Fase Semifinal, uma incógnita quanto ao possível favoritismo, pois a pontuação das quatro equipes classificadas não deixava dúvidas do equilíbrio. Pela ordem, Ponte Baixa, Bom Retiro e Mar Grosso somaram 13 pontos e Taipa 12 pontos. 


   Nos quesitos de desempates constantes do regulamento, o Bom Retiro fez o jogo de ida das semifinais na casa do Mar Grosso e decidiu a vaga na final em casa. No jogo de ida, largou na frente do Mar Grosso, gol do Lekinho, e ali começava a nascer um protagonista do título e o outro gol, no empate de 2 a 2, foi do Papagaio. Um bom resultado, mas com gostinho amargo, pois o gol da igualdade foi anotado já nos acréscimos.
Ficou no passado, o compromisso decisivo seria em casa e o Dragão da Colina não iria decepcionar seu torcedor. Estádio Felipão lotado, torcidas das duas equipes na maior festa e esperançosas. E quem festejou primeiro foram os visitantes. Cobrando pênalti, Mauá fez 0 a 1 Mar Grosso; ainda no primeiro tempo, Vini Urbano empatou, 1 a 1; Lekinho virou e o Azulão foi em busca do empate, mas o “paredão” Ricardo, com três grandes defesas, impediu; depois, um gol contra (Murilo Índio) e mais um do Lekinho, e o Bom Retiro selou a classificação, 4 a 1. Na outra semifinal, a SER Taipa eliminou o Ponte Baixa FC. 


   Desde 2023, a decisão do Municipal de Futebol de São Ludgero passou a ser disputada em jogo único e tendo como palco o Estádio Reinaldão. Noite de sábado, 15 de junho, e como sempre, um público sensacional para ver a decisão. O adversário da final era novamente a temida SER Taipa, um espinho no sapato, que logo abriu a contagem com seu atacante Kiko. Durante a competição, o Bom Retiro teve dois jogadores da casa que fizeram a diferença, um foi o atacante Papagaio e ele fez o cruzamento; o outro foi o meia Binho, o cara das bolas paradas, e ele usou o joelho para fazer o gol de empate do Bom Retiro, 1 a 1. Entre os estrangeiros, não tem como não elogiar as atuações dos volantes Renatinho e Jackson, mas os diferentes foram Vini Urbano e Lekinho. Vini fez o passe para o Jackson fazer 2 a 1 e Lekinho fechou o “caixão”, Bom Retiro 3 a 1. A festa começou no Reinaldão e subiu até a comunidade do Bom Retiro. 
 

Em pé: Tom, Ricardo, Lucas Tomaz, Richard, Baiano, Michel, Renatinho, Vinicius Urbano, Matheus, Bruno, Alexandre, 
Otávio e Roger. Agachados: Jackson, Wendel, Messias, Lekinho, Ronaldinho, Papagaio, Lucas, Kleber e Felipe.

Depoimentos

   Foi o primeiro ano como técnico do Alexandre Alves da Rosa, o “Tom”, como técnico de uma equipe em São Ludgero. “Tive a honra e o prazer de ser convidado pela equipe do Bom Retiro, através do Xandinho e do Roger. Só aceitei porque na programação haveria treinos uma vez na semana, pois não abro mão de colocar na equipe conceitos que acredito ser primordial no futebol. Não fui para o Bom Retiro para entregar camisas, queria implantar um método de jogo que fosse entendido pelos estrangeiros e jogadores da casa. Queria que o torcedor gostasse da maneira como o time se comportava em campo”, relata o técnico.


  Ex-jogador de futebol profissional, com experiência na função de técnico, Tom também treinou seu primeiro time amador no ano de 2021, quando treinou o Água Verde, de Pescaria Brava, e foi campeão regional da LTF, vencendo na final o Ferroviário de Armazém. “Então, o amador não é problema para mim, pois quando parei com o profissional, joguei no amador e sei como deve ser o trato com os jogadores e comunidades. Enfatizo, fui muito bem recebido no Bom Retiro, o que me deu tranquilidade para trabalhar”, informa. 
“Os jogadores foram escolhidos a dedo, pesquisados como pessoas, como jogadores, enfim, usamos todas as armas para buscar informações, um elenco que se identificasse com a comunidade. Um exemplo dos estrangeiros foi o Vini Urbano, com quem trabalhei no profissional, dos jogadores da casa já havia trabalhado com o Binho em 2008, o Ricardo, enfim, eu imaginava como seriam eles em campo, pois eram jogadores de boa técnica, vitoriosos e deu certo, abraçaram a causa e esta união foi de grande valia para todos e deu no que deu. Nesta caminhada, da diretoria aos gandulas, todos tiveram sua parcela de contribuição”, reconhece o Tom.


   Com dois títulos conquistados com a camisa da Taipa, mais um com a Serrinha, o meia Binho chegou ao seu quarto título e foi uma das peças fundamentais na conquista do Bom Retiro, certamente um top 5 em desempenho. Ficou dois anos tentando a sorte no profissional do Hercílio Luz e voltou para continuar fazendo história no Municipal de São Ludgero. “Eu penso que a motivação e inspiração vem com o amadurecimento. Como sou casado e tenho dois filhos, eles são meu porto seguro. Quando me machuquei, minha esposa estava sempre ao meu lado e foi fundamental na minha recuperação”, reconhece o meia.

 
   Autor do primeiro gol do Bom Retiro na final, quando sentiu o joelho e mesmo assim continuou em campo e jogando bem, Binho conta como foi a convivência na equipe. “Vi a forma como foi montado o nosso elenco e senti que estava no time certo. Foi feito uma confraternização no fim do ano e todos estavam presentes, inclusive os estrangeiros, e sem contar que treinávamos toda semana. Tudo que a diretoria nos prometeu foi cumprido e penso que, dentro de campo, fizemos a nossa parte. A comemoração foi algo inesquecível; pessoal agradecendo por ter acabado com este longo jejum, idosos chorando, muitos abraços, enfim, valeu e muito ter vestido a camisa do Bom Retiro”, finaliza o Binho.

   A Diretoria atual tem como presidente: Joacir; vice-presidente: Alexandre; tesoureiro: Ademar; diretor esportivo: Roger; e secretário: Vinícius. A montagem do elenco contou com a participação do técnico Tom, auxiliar Xandinho e do Roger, diretor de esportes. Durante a competição, foram feitas três trocas: Rosales por Vini Urbano, Dito pelo Jackson e Alex Costa pelo Lekinho.  

 

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